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Lobo mau e os três porquinhos

Nos últimos anos, a política brasileira tem sido marcada por intensos debates e polarizações que, muitas vezes, carecem de um fundamento ético. A ausência de ética nas discussões políticas não apenas prejudica a qualidade do debate, mas também compromete a confiança da população nas instituições. A ética, que deveria ser a base para qualquer discussão política, parece ter sido esquecida em um cenário onde a busca pelo poder é mais valorizada do que a busca pelo bem comum.


Um dos fatores que contribui para essa situação é a sobreposição das atribuições entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. No Brasil, é comum que esses três poderes, que deveriam atuar de forma harmônica e independente, se confundam e entrem em conflito. Essa superposição não apenas gera instabilidade política, mas também dificulta a construção de um ambiente ético, onde as decisões são tomadas com base em valores e princípios morais.

Os debates políticos atuais frequentemente são marcados por ataques pessoais e desinformação, em vez de um diálogo construtivo. Políticos e lideranças partidárias muitas vezes se utilizam de retóricas que desvirtuam a verdade e alimentam a polarização. Essa falta de ética nos debates cria um ciclo vicioso, onde a desconfiança nas instituições aumenta e a participação política se torna cada vez mais apática. A população, por sua vez, se sente desmotivada a se envolver, acreditando que suas vozes não são ouvidas.

Além disso, a mídia desempenha um papel crucial nesse cenário. A cobertura sensacionalista e a busca por cliques muitas vezes priorizam o escândalo em detrimento da informação de qualidade. Isso não apenas distorce a percepção pública sobre os acontecimentos políticos, mas também contribui para a desvalorização da ética nas discussões. Quando o foco está em criar polêmica e não em informar, a ética se torna um conceito secundário.

A superposição das atribuições dos poderes também se reflete na maneira como as decisões são tomadas. Quando o Legislativo tenta intervir em questões que deveriam ser de competência exclusiva do Judiciário, ou vice-versa, a legitimidade das decisões é colocada em dúvida. Essa confusão não apenas enfraquece a separação de poderes, mas também gera um ambiente propício para a corrupção e a falta de responsabilidade ética.

É fundamental que a sociedade civil se mobilize para exigir uma política mais ética e transparente. A participação ativa da população em fóruns de discussão, na fiscalização das ações dos governantes e na cobrança por padrões éticos é essencial para mudar essa realidade. A educação política, que inclui a formação ética, deve ser uma prioridade, para que os cidadãos sejam capazes de discernir entre discursos éticos e a retórica vazia que muitas vezes predomina.

Em suma, a ausência de ética nas discussões políticas e a superposição das atribuições dos poderes no Brasil formam um círculo vicioso que precisa ser rompido. Para isso, é necessário que todos os atores envolvidos — políticos, instituições e sociedade civil — se comprometam com uma política mais ética, que priorize o bem comum e a responsabilidade. Somente assim poderemos avançar em direção a um futuro político mais justo e transparente.


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